PMs alegam que ele morreu em acidente após furar bloqueio policial.
Perícia diz que cantor foi baleado; reconstituição será feita nesta quinta (13).
Perícia diz que cantor foi baleado; reconstituição será feita nesta quinta (13).
A Polícia Civil acredita que o cantor sertanejo José Bonifácio Sobrinho
Júnior, conhecido como Boni Júnior, foi vítima de homicídio. Boni tinha
28 anos e morreu no dia 28 de outubro deste ano. Segundo versão da
Polícia Militar (PM) na época, ele se envolveu em um acidente com um
carro da corporação após furar um bloqueio policial na GO-515, que liga
Panamá a Goiatuba.
No entanto, a Polícia Civil contesta a versão, pois ficou comprovado
pela perícia técnica que a cena da morte foi alterada e que o cantor foi
alvejado com um tiro na cabeça. Na quinta-feira (13), os PMs
participarão da reconstituição da morte. Corpo do sertanejo deverá ser
exumado para ajudar nas investigações, mas a data ainda não foi
definida.
Na época do acidente, os PMs contaram que o cantor estaria fazendo
manobras perigosas na cidade de Panamá e, quando percebeu a presença da
polícia, teria tentado fugir para Goiatuba. De acordo com eles, uma
barreira foi montada na pista para deter o músico, mas ele não teria
parado e bateu no carro da polícia. Os PMs contaram também que Boni
Júnior atirou contra os carros da polícia e, por isso, os militares
teriam disparado contra o carro que ele conduzia.
A reportagem não conseguiu falar com a família de Boni Júnior até a publicação desta reportagem.
Segundo um dos delegados responsáveis pelo caso, Ricardo Chueire, há a
hipótese de que a arma supostamente usada pela vítima para atirar contra
os policiais tenha sido plantada.
“Desde o dia da morte, a família imaginou que tinha algo errado e a
perícia comprovou alteração no local da cena do crime. A versão é que
ele estava fugindo de outra viatura e teria atirado contra os policiais
da barreira. Segundo a PM, ele veio atirando e eles tiveram que abrir
fogo. Mas no carro da vítima não tem sinais de disparo de arma de fogo e
ele foi atingido na cabeça. A perícia comprovou ainda que os tiros na
viatura não foram disparados por ele, pois isso seria fisicamente
impossível”, explica Chueire.
Exumação
De acordo com o delegado Gustavo Carlos Ferreira, que também acompanha as investigações, na época, não se falou do tiro que o cantor recebeu na cabeça porque ele teve um traumatismo craniano. “Se sabia que os policiais tinham aberto fogo contra a vítima. Mas na perícia ficou constatada a perfuração por arma de fogo na cabeça, sem local de saída do projétil”, detalha.
De acordo com o delegado Gustavo Carlos Ferreira, que também acompanha as investigações, na época, não se falou do tiro que o cantor recebeu na cabeça porque ele teve um traumatismo craniano. “Se sabia que os policiais tinham aberto fogo contra a vítima. Mas na perícia ficou constatada a perfuração por arma de fogo na cabeça, sem local de saída do projétil”, detalha.
Em função disso, a Polícia Civil informou que também fará a exumação do
corpo de Boni Júnior, uma vez que a bala não foi retirada. “Isso vai
nos ajuda a saber de qual arma saiu a bala e quem o matou”, explica
Chueire.
Durante a reconstituição, a polícia vai confrontar as provas
apresentadas pela perícia técnica com a versão contada pelos policiais
militares. O resultado tem prazo de 10 dias para ficar pronto. Se ficar
constatado o homicídio, os PMs podem ser autuados e responder por
homicídio qualificado e fraude processual. “Já está provado que a cena
do crime foi alterada. Mas temos que delimitar quem o matou. Vamos
comprovar de uma vez por todas a alteração do local do crime, que
provavelmente aconteceu para encobrir o homicídio”, explica Chueire.
O corregedor da Polícia Militar de Goiás, Coronel Lourival Camargo, informou
que caso seja comprovado que Boni Júnior foi vítima de homicídio, os
policiais envolvidos serão penalizados: “A mesma preocupação que a
Polícia Civil tem em desvendar o caso nós também temos, pois a
instituição não é conivente com essa conduta. Se de fato eles tiverem
envolvimento no crime, serão submetidos a procedimento ético e a até a
uma provável exclusão da corporação”.
Adaptações/Saulo Prado
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